Prof. Flávio
Arte Pública
Como podemos definir uma arte que seja pública?
No sentido literal, seriam todas as obras que estão no espaço público e portanto, de livre acesso.
Não é difícil lembrar de obras expostas em vários lugares públicos em diferentes partes do mundo. Esculturas, painéis de azulejos, murais, etc.
Hoje, o termo “arte pública”, é bastante empregado para tratar das experiências artísticas que buscam interferir com o espaço ao redor, muitas vezes promovendo um diálogo crítico.
Leia o trecho abaixo retirado do texto “Arte Pública”, da Enciclopédia Itaú Cultural:
(...) Diversos artistas sublinham o caráter engajado da arte pública, que visaria alterar a paisagem ordinária e, no caso das cidades, interferir na fisionomia urbana, recuperando espaços degradados e promovendo o debate cívico. "O artista público é um cidadão em primeiro lugar", afirma o iraniano Siah Armajani (1939), radicado nos Estados Unidos.
Neste contexto, a arte pública promove um diálogo crítico com o seu tempo e lugar.
Um exemplo desta situação pode ser visto no trabalho “Ossário”, de Alexandre Orion.
(...) A cidade é inspiração e suporte para as obras de Alexandre Órion, e fornece matéria-prima para seus trabalhos. Dois anos depois da inauguração do túnel Max Feffer, em São Paulo, o artista nota que as placas amarelas que revestem as paredes laterais do túnel estão cobertas de fuligem. Surge a ideia de Ossário (2006), obra produzida a partir do processo do “grafite reverso”: desenhos de crânios humanos que se revelam pela limpeza seletiva da matéria preta. Durante as madrugadas de duas semanas, o artista trabalha em 300 metros de extensão do túnel. Depois de alguns embates com policiais e agentes de trânsito – embora não haja qualquer dano ao patrimônio público –, a instalação é “apagada” pela prefeitura. A fuligem retirada é utilizada pelo artista como pigmento para suas obras murais em diversos países.
Enciclopédia Itaú Cultural
Detalhe da obra “Ossário”, de Alexandre Órion.
Veja mais em:
Para continuar a nossa conversa sobre arte pública, leia o texto jornalístico abaixo:
Projeto artístico vai customizar carroças de catadores de lixo em SP
'Pimp my Carroça' colocará retrovisores, buzinas e desenhos nos carrinhos. Ideia é dar visibilidade a quem trabalha com reciclagem, diz grafiteiro.
Rafael Sampaio, G1 SP
O catador Waldemar Romão da Silva, de 70 anos, teve a carroça pintada pelo grafiteiro Mundano; ele aprova o projeto "Pimp my Carroça" (Foto: Mundano/Arquivo Pessoal)
Um projeto artístico vai customizar carroças de catadores de materiais recicláveis em São Paulo. A ideia é que as carroças recebam, além de pinturas do tipo grafite, lanternas, retrovisores, buzinas e faixas refletoras, afirma o grafiteiro Mundano, autor da proposta.
Chamado de "Pimp my Carroça", o evento vai acontecer durante a Virada Sustentável, nos dias 2 e 3 de junho. O nome faz referência ao programa americano de TV "Pimp my Ride", que customiza carros.
O projeto brasileiro para as carroças quer dar mais segurança para o catador no trânsito, além de elevar a sua autoestima com o grafite. "Catador só vira notícia quando tem acidente. A ideia é dar reconhecimento a eles, que fazem a reciclagem na cidade", afirma Mundano.
O "Pimp my Carroça" vai acontecer em um "local simbólico de São Paulo" ainda não definido, diz Mundano. O grafiteiro, que não revela seu nome, ressalta o risco que os catadores correm ao dividir espaço com veículos pelas ruas da cidade. "Já puxei carroça para sentir na pele. Quando eu estava levando uma com muito material reciclável e tive que ultrapassar um carro, notei a falta que faz um retrovisor. O perigo é muito grande", diz.
Ao menos 50 carroças devem ser "tunadas", segundo Mundano. O número pode crescer, dependendo do apoio que o projeto receber. "A gente pode chegar a 200 carroças. Depende da presença dos catadores e da ajuda que tivermos."
Depois que a customização estiver pronta, a ideia é fazer um "desfile-denúncia" das carroças na Avenida Paulista, ressalta o grafiteiro. "Acho importante a 'carroceata'. Eles [carroceiros] são mais de 21 mil, mas são invisíveis. Existe uma marginalização que São Paulo precisa superar."
Uma das fontes de inspiração de Mundano, além das ruas de São Paulo, são as viagens por diferentes metrópoles do mundo conhecendo como funciona o reaproveitamento do lixo nestes locais.
Carroças vão receber retrovisor, buzina e faixas refletoras para dar segurança aos catadores (Foto: Mundano/Arquivo Pessoal)
"Em Buenos Aires é bem parecido com aqui [São Paulo]. Já em Salvador a reciclagem é mil vezes mais avançada. Ainda vou para Nova York estudar como é a reciclagem", afirma Mundano. Ele relata já ter feito grafites individuais em 154 carroças nos últimos cinco anos, mas conta jamais ter feito algo organizado e parecido com o projeto que pretende executar.
Elogios
Um dos beneficiados com os desenhos de Mundano, o catador Waldemar Romão da Silva, de 70 anos, elogia o trabalho. "Ficou ótimo, muito bonito. A turma que passa na rua elogia", afirma. O grafite foi realizado há cerca de dois anos na Rua Dom José de Barros, na região central de São Paulo.
"Até hoje eu conservo minha carroça como estava, eu guardo no local de reciclagem da Prefeitura de São Paulo", diz Silva. Questionado se sofre com o serviço pesado por ter 70 anos, o catador se mostra resignado. "É difícil trabalhar [recolhendo lixo], mas eu sobrevivo disso. Eu não tenho outro meio de vida, tenho que lutar por isso."
Ele é a favor da ideia de colocar mais segurança nas carroças. "Ajudaria muito ter retrovisor, buzina. O trânsito é perigoso."
Artista já grafitou 154 carroças em vários lugares do mundo (Foto: Mundano/Arquivo Pessoal)
O artista espera contar com a ajuda de voluntários e grafiteiros para o projeto. A ideia foi cadastrada no site Catarse, de financiamento coletivo, que permite que qualquer pessoa faça doações e ajude na compra dos materiais para a realização do "Pimp my Carroça".
A expectativa de Mundano é arrecadar R$ 38,2 mil até o dia 10 de maio. Mesmo sem o valor, o projeto "continua de pé e a todo vapor", afirma o artista. "Se for necessário, se não tiver ajuda, vou estar lá sozinho colocando o máximo de mim nas carroças", diz.
Preconceito O projeto também é elogiado pelo coordenador do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR), Roberto Laureano. Ele, que também é catador, afirma existir preconceito e perigo nas ruas em que trafegam os trabalhadores. "O catador disputa com o veículo o espaço na rua, então muitas vezes o motorista não dá atenção para o catador. Somos invisíveis", afirma.
Ele considera que a proposta de Mundano "dignifica o trabalho" de quem recolhe os materiais recicláveis. "Mostra a nossa importância e acaba sendo um atrativo para a cidade, torna-se algo cultural", diz Laureano.
Durante nossas aulas foram sugeridas algumas pesquisas sobre outros artistas relacionados com este tema. São eles:
- Banksy
- Alex Vallauri
- Jean-Michel Basquiat
Questões sobre arte pública
01 – É possível encontrar diferenças de conceitos na concepção da arte pública produzida do passado em relação às obras dos dias atuais?
02 – Na sua opinião qual era o propósito do artista Alexandre Órion ao realizar a obra “Ossário”?
03 – O projeto “Pimp my Carroça”, do grafiteiro Mundano propõe dar visibilidade para questões relacionadas com o trabalho dos catadores de materiais reciclados nas grandes cidades. Quais são essas questões? Tente responder usando como referência os termos abaixo:
Sustentabilidade – Desigualdade social – Consumo.
Lembrete: antes do isolamento iniciamos o projeto de estêncil para grafitar a área externa da escola. Continuem pesquisando e realizando o trabalho sem sair de casa para comprar materiais ou grafitar por aí. Certo?
Vocês podem inclusive mandar as respostas para que eu faça a correção.
Um grande abraço virtual!
Em caso de dúvidas, envie e-mail para fliviobr@gmail.com
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